quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Sou assim, não sou assim.

Esse blog só pode estar querendo me testar, ver até onde eu resisto. É a TERCEIRA vez que tento postar o MESMO texto aqui!

Eu estava tentando falar sobre o quanto considero difícil responder à questão “quem sou eu”. Tanto pela dificuldade de colocar em palavras quanto pela constante mudança.
Gosto muito de Heráclito quando diz que “Nenhum homem pode banhar-se no mesmo rio. Nem o rio é o mesmo. Nem o homem é o mesmo”.
E é por isso que em todo momento que eu tentar me definir, terei uma resposta diferente. Terão dias que nem haverá resposta.

E querendo ou não, o próprio fato do blog me fazer escrever três vezes o mesmo texto prova isso: eu não consegui escrever três vezes o mesmo texto. Em cada tentativa ele saiu um pouquinho diferente. As palavras se modificaram. Seja pela intervenção do latido da Fiona, pelo telefone que chama, pelos barulhinhos do skipe ou msn. E também pelos próprios devaneios, é claro.

É por isso eu sou assim e eu não sou assim.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Precisei ‘desmontar’ pra admitir que também sofro!


Como muitos de vocês já sabem, em novembro de 2008 minha cidade (e muitas outras de SC) foram atingidas por uma tragédia natural. Diferente de todas as outras enchentes, essa matou e devastou mais em função dos desmoronamentos.
Minha família e minha casa não foram atingidas diretamente.
Fiquei uma semana praticamente sem comunicação, uma semana sem água, 4 dias sem energia, uma semana sem conseguir sair do meu bairro (sem acesso à hospital, mercado, farmácia), tendo como único meio de transporte era o helicóptero.Meu pai adoeceu (por conta da situação, sua pressão subiu e tinha medo de um infarto), minha família sem notícias nossas, meu irmão e cunhada desesperados em SP, minha madrinha no hospital, centenas de pessoas em abrigos e eu aqui, firme e forte!
Me lembro que eu não admitia chorar no telefone com minha cunhada...ela chorava dai e eu aqui consolando ela...Eu só me permitia chorar com os ‘estranhos’ ou sozinha!
Quando vi as primeiras imagens na TV e na internet também não aguentei! Mas ainda me considerava bem!
Eu consegui ajudar pessoas, arrecadei doações, fiz ligações pro bairro inteiro (único meio de comunicação era um celular do meu pai), dei notícias de pessoas falecidas, subi morro pra tentar convencer as pessoas a ficarem em abrigos, fiz cesta básica, trabalhei muito...mas acho que essa semana tudo que estava acumulado veio à tona! Desmontei mesmo!
E agora (passados três meses) o que eu sinto é uma vontade de chorar e de escrever/falar sobre tudo que vivi!

Tenho visto e presenciado tanta coisa errada, tanto comentário infundado, tanta injustiça, tanta gente sendo usada, tanta gente lutando e não conseguindo nada, tanta gente sofrendo, tanta gente surtando, tanta briga política, tanta gente sem perspectiva, tanta gente perdida, tanta gente se perdendo...
E isso tem me sufocado, me angustiado, me frustrado!
Não é aquela mesma angústia que dói e sufoca no peito como os pacientes descrevem, mas é uma angústia, a MINHA angústia!
E falar aqui, modifica e diminui a mesma!
*A imagem é de Salvador Dali, mas não sei o nome da Obra!

Como nomear aquilo que penso e sinto?

Essa semana senti uma vontade imensa de escrever!
Considero o ato de escrever extremamente terapêutico...sempre foi assim. Na adolescência foram as agendas! E a-d-o-r-o “desenterrá-las” de vez em quando e dar risada das asneiras (na época eram questões existenciais!) que eu escrevia! Depois que comecei a namorar perdi o hábito de escrever em agenda...mas a cada desentendimento, a cada crise lá ia eu pro papel! Escrevia, escrevia e muitas vezes tudo ia parar no lixo! Depois foi a vez da crônica na época do casamento...escrevi muito sobre a nossa história e sobre tudo que o casamento representou pra mim (e quase todas as pessoas que lêem esse blog eu conheci por conta do casamento e do Orkut!)
Considero que o simples ato de (tentar) colocar em palavras tal sofrimento aliviava e permitia mudar minha forma de sentir, de pensar, de agir!
E nessa última semana, essa vontade tomou conta de mim! Escrevi e chorei muito, mas não o suficiente! E foi por isso que decidi criar este blog! Espero, sinceramente, que não seja uma vontade passageira...

E o que tá pegando agora é: que nome dar pra esse blog? Como encontrar uma única (ou poucas) palavra que dê conta de definir esse cantinho?
Vou acatar a sugestão da CaMis (http://margaridas-em-envelopes.blogspot.com/), de escrever, escrever, até O nome surgir!


Pra começar, acho que é isso...

Já passaram por aqui...

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